Ser ansioso é viver num mundo muito peculiar; é viver dialogando com a eterna fantasia do que ainda não aconteceu e, talvez, nunca, de fato, aconteça. Ou, ainda, querer que o tempo possa ser dobrado ao seu bem entender e que as coisas se movimentem e caminhem quando você bem entende. É ser um pouco egoísta e prepotente, afinal, até o tempo você quer controlar…
É ser um pouco frágil, num certo sentido, também. É não querer aceitar que algumas coisas não podem ser controladas e que as coisas acontecem quando elas têm que acontecer e tudo o que você pode fazer é esperar. É se dar um pouco conta que o centro das coisas não é você – você é uma parte bem pequena dum quebra-cabeças bem grande.
O engraçado é que, em geral, quem é ansioso pras coisas da vida é, também, sonhador – e quem não gosta de sonhar? Parece que essas duas características andam bem juntinhas, ou seja: ao mesmo tempo que você gasta energia desesperado pelo que pode acontecer e/ou porque ainda não aconteceu, você também tem a capacidade de arquitetar aquilo que, pra você, é o mundo ideal que você quer habitar e ser feliz.
Claro que tudo que é exagerado pode ser mais doloroso do que prazeroso; sentir ansiedade demais ou sonhar demais pode nos desconectar além da conta da realidade, do palpável… um pouco que nem aquela cena do filme A Origem, em que a personagem da Marion Cotillard já não sabe mais se ela está sonhando ou se esta vivendo o real (spoiler neste link, se você não viu o filme).
Mas isso, amigos, é a minha modesta opinião, viu? Discordem à vontade, mas eu acredito, num certo sentido, que não se é possível sonhar sem ser ansioso.
E eu sou ansioso.