Às vezes é fácil entender a alienação política dos nossos concidadãos só observando comportamentos do dia a dia. Moro num condomínio em São Bernardo do Campo onde vivem algo em torno de 2000 pessoas (sim, duas mil). É maior que a cidade da minha vó no interior de SP.
Mudei pra cá no começo do ano passado durante a eleição para síndico, que rolava em meio a discussões de corrupção do antigo síndico e ineficiência na gestão do local, com muitas coisas por reformar, pouca segurança e por aí vai (soa familiar, já?). Bom, o candidato desafiante vinha com um discurso sóbrio, conservador e prometendo “mudar e investigar tudo isso aí” (minhas aspas). Foi eleito.
De 1 ano pra cá, pouquíssima coisa foi feita no condomínio, normalmente com a famigerada justificativa “porque na última gestão…“. Não falo de grandes obras ou reforma, vejam: botões de elevador estão caindo, mostradores de andar queimados, os leitores de digital da portaria são horríveis etc etc etc. Quando questiona-se o síndico ou a administração, duas coisas normalmente acontecem: ou ninguém responde ou o síndico dá uma resposta genérica normalmente levando o foco pras prioridades (de quem?).
Pra além disso, a população do condomínio é bem letárgica. Ninguém parece estar incomodado se não é algo que afeta intimamente suas vidas, como cigarro do vizinho (🙄) ou infiltrações; querer um condomínio melhor pra todo mundo parece não fazer muito sentido pra essa gente.
Durante uma reunião de condomínio, um dos moradores (da minha torre, por sinal) disse: “eu sou fã do sr. Síndico. Sou fã mesmo. Eu mando mensagem e ele responde rapidinho no WhatsApp”. Outra disse que “não entendia porque cadeirantes e/ou portadores de necessidades especiais tinham prioridade na escolha das vagas no estacionamento, afinal, alguns desses deficientes (sic) eram mais ativos que ela”.
Troque condomínio por cidade, estado ou país.
De nada.
Boa sexta.
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