Antes do texto, primeiramente obrigado a todos que sugeriram temas para este humilde espaço de descarga mental. Eu sei que isso faz tipo 15 dias já, mas eu realmente estou comprometido a soltar um texto por semana (Deus ajuda eu) sobre coisas. Por favor, leiam, comentem, contem pros seus amiguinhos e zas. E, de novo, obrigado!
Agora, vamos à brisa do dia!
Como já comentei em alguns outros textos por aqui faço terapia há quase 5 anos já. Muitas pessoas me perguntam “se isso não é muito tempo e se já não passou da hora de me dar alta”. Sempre falo que não e que terapia, ao menos pra mim, é ainda algo de longo prazo; que mesmo há 5 anos lá, existem muitas coisas que eu ainda preciso levar pra discussão e tal.
E há algumas semanas eu tive mais uma prova (e uma senhora prova) disso.
Na sessão, como sempre, lá estava eu discutindo a minha eterna síndrome do impostor, como eu sempre vivo num constante estado de devedor, de eterno perdido em meio aos desafios do dia-a-dia. Começamos a entrar nesse buraco negro até que, de repente, eu parei de falar; olhando pro teto, comecei a brisar profundamente e me dei conta de uma coisa bizarra: ao contrário de muitas pessoas, eu nunca, quando criança ou adolescente, tive aquela famosa conversa sobre “o que eu queria ser quando crescer”. Eu juro que não tenho memória de conversar com ninguém sobre coisas que eu me via fazendo como adulto, do ponto de vista profissional.
E eu nem acho que é culpa de ninguém, mas eu realmente, àquela época, não olhava pra pessoas e pensava “porra, quero ser que nem ele(a) quando for mais velho”; eu tinha minhas paixões momentâneas, do tipo “quero ser jogador profissional de vôlei“, quando eu treinava 3x por semana, ou ainda “quero ser músico“, quando comecei a tocar violão ou, ainda, “quero mexer com informática“, quando conheci um computador, mas nada despertava aquele tesão a longo prazo de ser algo.
Eu só queria ter “meu dinheiro”, porque em determinado momento da vida a situação lá em casa era complicada e o que entrava no meu cérebro era muito o “preciso estudar, ser foda pra caralho – não importa no quê – e ganhar uma grana porque viver é aparentemente bem difícil”. Era uma coisa meio “eu não posso me dar o luxo de querer ser nada, eu só preciso ser algo que me sustente e devolva pra minha família tudo o que eles sempre depositaram em mim. E essa epifania foi um baita chacoalho porque a relação que eu passei a fazer foi a seguinte: “ora, se eu nunca pensei em ser especificamente nada nessa vida, como é que eu posso querer saber se eu cheguei lá” Lá onde, caceta?
Doido, né?
Eu até imagino que muitas outras pessoas no mundo nunca tiveram esse tipo de discussão durante suas formações como pessoas e tal, não quero dizer que eu sou diferentão, mas hoje é claro pra mim que, embora eu tenha indicadores externos de que conquistei coisas na vida, tanto no pessoal quanto no profissional bicho, internamente a sensação continua sendo “tô perdido, ainda falta. Vai, Alê, segue“.
Isso foi foda. Mostrou pra mim o quanto eu ainda sou uma criança na terapia que tem muito o que elaborar e como eu sou muito foda em criar problema onde não tem só pra alimentar a minha ansiedade e minha auto-inveja, ou auto-sabotagem. Com essa descoberta, por exemplo, eu posso começar a trabalhar minha mente a ser menos destrutiva e exigente no que diz respeito a mim mesmo. Óbvio que é foda e dá trabalho, mas ao menos eu tenho um ponto de partida, não estou mais no escuro.
E você, já se deu conta de algum mecanismo bizarro que você inconscientemente usa pra te sabotar?
Abs!
Grande Alê Bordon Madruga! Saudades desse cara que tanto te admira! Cara que legal saber que você está nesse blog e nos permitindo partilhar e participar das tuas idéias, e a partir delas, expor as nossas. Cara, um caso que geralmente me acomete, é quando estou triste ou pra baixo, imaginar que deveria ter feito isso ou aquilo ( tipo ser guitarrista ou funcionário público) e o quão incompetente eu fui para não sê Los, e que a grama do vizinho é sempre mais verde. Quem nunca né?
Fala, Mário! Tudo bem?
Super obrigado pelo comentário. E é isso mesmo – a gente tem o grande poder em transformar a grama do vizinho em algum muito melhor do que realmente é! O importante, na minha opinião, é quando se der conta disso, agir pra tentar mudar. De pouco em pouco chegamos lá!
Abs!
Oi, Alê! fiz psicoterapia por alguns anos e há exatos 5 meses passei pra psicanálise – aí o buraco foi mais embaixo, rs, pelo menos pra mim. não sei quando terei alta… como você, qdo acho que está tudo bem e que posso fazer a cada 15 dias pelo menos, vem uma bomba! rs
recentemente descobri que me autosaboto pq vejo os outros se sabotando e, aparentemente, está tudo bem com elas. então, invejosamente, eu penso “se fulano se sabota e está bem… vou seguir o mesmo caminho, pq nada de ruim acontece com ele”… olha que louco, isso… a questão é que “aparentemente” fulano está bem, o que significa q isso não é necessariamente uma verdade, que ele pode estar fingindo ou falando da boca pra fora.
e então, cá estamos, como vc disse “é foda e dá trabalho, mas ao menos eu tenho um ponto de partida, não estou mais no escuro”.
estamos juntos nessa caminhada! obrigada pelo texto e por compartilhar suas reflexões! Um bjo na alma, da amiga etiana que lembra da fase que vc queria ser músico! rs 🙂
Oi, Mayra!
Obrigado por compartilhar! É, pra mim, junto da ansiedade, a auto-sabotagem é algo bem forte e que pede muito, mas muito cuidado. Como minha terapeuta sempre fala: você ao menos já tem consciência do que precisa fazer, o que já é um grande primeiro passo! Mas é custoso atravessar esse abismo entre saber o que fazer e efetivamente fazer… tá loco!
E sobre a ETE: é isso que dá ficar tocando violão por todo lado a toda hora rs…
Bejos!