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Os blogs, redes sociais etc trouxeram uma possibilidade legal de “criar conversações”, compartilhar conteúdo e opinião. Você conecta, publica um texto ou comenta uma notícia e compartilha sua opinião com o mundo. Bacana, né? É, mais ou menos.

A questão é que se criou uma coisa muito chata: uma galera que, em geral, não concorda com você, lê o seu texto em busca de falhas, erros, para te atacar e, de certa forma, empurrar a opinião própria goela abaixo, coerentemente ou não. Reforço: cada vez mais não se procura o debate, procura-se a agressão verbal; procura-se desconstruir uma ideia apenas como um passatempo, normalmente sem lógica e, certamente, sem ganho algum para a discussão em si.

Por quê? Porque, de repente, todos viraram especialistas de tudo. Não importa se você passou 5 anos lendo Ulises, do Joyce, pra fazer uma análise crítica do livro – um zé mané vai ler o teu texto, ir à Wikipedia e vomitar algo só pra te sacanear. E sim, é sacanear mesmo. Novamente: não há o debate, há apenas desconstrução, mal e porcamente feita. E gente nervosa – tipo este que vos escreve – terá gastrites por noites e noites bolando uma resposta.

É provável que sempre tenha sido assim; é provável que quando Hesíodo estava lá, cantando a Teogonia, algum cidadão levantou a voz e interpelou o poeta só pelo prazer de provocar o simples bate-boca, ou veio com o famoso irrefutável argumento de “você não sabe de nada. Não foi assim”. Entre outras coisas, a internet ajudou a popularizar isso – e cada vez mais você vê gente que parece ganhar a vida pulando de texto em texto procurando pelo em ovo.

O fato é que é dever do escritor escrever e preparar-se para o debate… ou para a voadora.

Abraços

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